04-09-2015 PREÇO JUSTO PARA A PRODUÇÃO DE LEITE!
Os produtores de leite aguardam com expetativa os resultados do Conselho de Ministros da Agricultura que vai decorrer na próxima segunda-feira, 7 de Setembro, em Bruxelas. A União Europeia é a principal responsável pela atual crise, por ter decidido o fim das quotas sem antecipar o real impacto dessa decisão. Os baixos preços ao produtor e as limitações de quantidades produzidas que estão a ser impostas pelas indústrias de laticínios são consequência da redução do consumo na Europa, do embargo russo e da redução de compras da China, mas também do aumento de produção estimulado pelas previsões otimistas da Comissão Europeia para o mercado internacional de lácteos. Falharam as previsões e sofrem os produtores na Europa e em Portugal, acumulando dívidas a fornecedores, abatendo animais, limitando a alimentação e resistindo estoicamente à espera da luz que tarda em surgir ao fundo do túnel.
A nível europeu, apoiamos as propostas de subida do preço de intervenção do leite, mas consideramos que devem também ser tomadas medidas para prevenir novos excedentes. Cremos que deveria ser analisada com atenção a proposta da Federação Europeia de produtores de Leite, EMB, European Milk Board, que, em situação de crise com excedentes no mercado, prevê um mecanismo de compensação aos produtores que reduzam voluntariamente a produção. Apoiamos também a proposta de reutilizar como apoios aos produtores de leite os milhões de euros de multas pagas pelos produtores pela ultrapassagem da quota no último ano.
A nível nacional, devemos ainda ter presente que o preço médio do leite ao produtor, em Portugal, permanece desde há 5 anos abaixo da média comunitária, entre 2 a 3 cêntimos. Em Junho o preço médio na Europa foi 30 cêntimos e em Portugal 28, abaixo do custo de produção. Recordamos que há produtores a receber menos de 23 cêntimos por litro. Portanto, o Governo português, além das posições conjuntas que estrategicamente defenderá em Bruxelas, deve trabalhar para que os produtores de leite em Portugal tenham ajudas e preço equivalente aos colegas europeus.
Registamos como positiva a atenção que o leite tem merecido nos últimos dias bem como as medidas apresentadas pelo governo e por diversas organizações do setor, no sentido de antecipar ajudas para acudir aos produtores que estão em dificuldades financeiras.
Apoiamos também todas as iniciativas para esclarecimento dos consumidores sobre as qualidades reconhecidas do leite e estamos disponíveis para abrir as portas das nossas explorações para visitas de estudo de modo a explicar de forma transparente como alimentamos e tratamos as vacas com todos os cuidados de segurança e bem-estar animal.
Da parte da APROLEP, contudo, insistimos que, mais do que ajudas, os produtores de leite desejam um preço justo, capaz de cobrir os custos de produção. Sabemos que isso dependerá de um compromisso entre produção, indústria e distribuição, tal como foi anunciado em França recentemente um acordo que aponta para 34 cêntimos / litro de leite. Desafiamos em particular as grandes cadeias de distribuição a darem o exemplo assumindo a responsabilidade de garantirem um preço justo e um tratamento digno para os fornecedores. Propomos que esse compromisso seja assinalado com um rótulo de “Produto lácteo sustentável” que garanta ao consumidor não apenas a origem nacional do produto, mas também um preço ao produtor que permitirá a sua permanência na atividade bem como de todos os que trabalham na fileira e mantém o meio rural vivo, habitado e cultivado.
Por último, verificámos que em Portugal, nos últimos anos, a defesa da agricultura parece tarefa solitária da Ministra do setor, enquanto no exemplo recente da França o Presidente da República e o Primeiro-ministro envolveram-se diretamente nas negociações e na resolução das dificuldades concretas dos agricultores. Cremos que também no nosso país as mais altas figuras do Estado devem passar das declarações genéricas de circunstância em campanha eleitoral para um acompanhamento direto das negociações com os vários agentes económicos de que dependerá a manutenção da atividade agrícola, a ocupação do território e a segurança alimentar. Um país que não protege a mão que lhe dá de comer não terá futuro. A Direção da APROLEP
30-07-2015 É TEMPO DE AGIR PARA SALVAR A PRODUÇÃO DE LEITE EM PORTUGAL
Realizou-se no dia 15 de Julho, entre Vila do Conde e Póvoa de Varzim, uma manifestação em que participaram muitas centenas de produtores de leite do norte e centro de Portugal. Com a sua presença massiva, com centenas de tratores e máquinas agrícolas, os agricultores quiseram expressar de uma forma muito clara a enorme dificuldade que vive o setor.
Todos os dias, os produtores de leite, como outros agricultores, fazem um esforço enorme para cumprir a sua parte na cadeia de produção, a parte que exige mais esforço e sacrifício entre o prado e o prato. Fazem-no em condições económicas cada vez mais complicadas que ameaçam a sobrevivência das suas empresas, dos seus colaboradores e fornecedores.
No último ano, o preço do leite ao produtor baixou 25%; Em Maio, no continente, registou-se um preço médio de 28,3 cêntimos/ kg de leite ao produtor; Há casos abaixo de 23 cêntimos. Muitos produtores estão desesperados com falta de liquidez e adiam pagamentos. Aumentou o abate de animais e regista-se racionamento alimentar em muitas vacarias.
Os produtores de leite não pediram subsídios mas apontaram uma solução: a substituição das importações de leite e produtos lácteos, nomeadamente queijo e iogurtes, por produtos nacionais, mais próximos, mais frescos, cujo consumo faz bem à saúde dos portugueses e à economia de Portugal.
Depois desta manifestação que respeitou a ordem pública e a propriedade privada, com uma mensagem positiva para sensibilizar o consumidor, compete agora à indústria e distribuição, sob supervisão do governo, negociarem novas condições que permitam escoar a produção nacional com um preço justo ao produtor, que permita pagar os custos de produção.
No mesmo dia, a APED, Associação que representa a Distribuição, afirmou, em comunicado citado pela comunicação social, que “Durante 30 anos a existência de quotas leiteiras impediu que o mercado português fosse “inundado” com os excedentes de produção de outros mercados com custos mais competitivos, já que as características climáticas no centro e norte da Europa são mais favoráveis à produção de leite”. No entanto, é preciso lembrar que, nos últimos 5 anos, apesar dessas dificuldades naturais, o preço médio pago ao produtor em Portugal foi inferior à média comunitária, portanto, da parte dos produtores portugueses a competitividade do preço foi assegurada.
Por outro lado, precisamente na França, um dos países onde se fabricam algumas marcas brancas que os hipermercados vendem em Portugal, depois de semanas de violentas manifestações de agricultores em desespero por causa do baixo preço da carne de porco, carne de bovino e do leite, registou-se a intervenção do governo com medidas de emergência para ajudar os agricultores, compromisso da distribuição em abastecer-se da produção nacional e acordo entre indústria e distribuição para subir cerca de 4 cêntimos o preço do leite. Entretanto, o governo espanhol já admitiu estudar se pode aplicar no seu território o acordo lácteo francês.
É chegado o momento de passar de palavras vagas para respostas concretas:
15-07-2015 PELA SOBERANIA E SEGURANÇA ALIMENTAR DE PORTUGAL (COMUNICADO DA MANIFESTAÇÃO)
A produção de leite em Portugal atravessa provavelmente a etapa mais difícil da sua história. No último ano, o preço do leite ao produtor baixou 25%. Os últimos dados oficiais indicam que em Maio, no continente, registou-se um preço médio de 28,3 cêntimos/ kg de leite ao produtor, bem longe dos 35 cêntimos que pode atingir o custo de produção. Depois disso alguns compradores impuseram novas descidas e largas dezenas de produtores estão com preço médio de 23 cêntimos por litro de leite produzido. Muitos estão desesperados com falta de liquidez, aumentou o abate de animais e registar-se-à certamente o racionamento alimentar em muitas vacarias. Perspectiva-se o abandono da atividade para muitos produtores e o aumento do endividamento para os poucos que resistam.
Três meses depois do fim das quotas leiteiras, situação que a União Europeia apresentou com a oportunidade para produzir sem limites, diversos compradores estão a impor aos produtores limites inferiores à quota detida até Março, o que obriga os produtores a travar a fundo para conter a produção e vai limitar ainda mais o já baixo rendimento, pois mantém-se os custos fixos. Esses limites são motivados pelo aumento dos stocks de leite e produtos lácteos transformados e esse aumento de stocks foi consequência do ligeiro aumento de produção de leite em Portugal mas sobretudo da redução do consumo (devido aos mitos e dúvidas infundadas que foram lançadas sobre os benefícios do leite como alimento) e da dificuldade de exportação para mercados tradicionais como Espanha ou Angola.
Apesar das dificuldades crescentes na produção de leite nacional, continua a registar-se a importação de leite para marcas brancas, queijo e iogurtes, de que resulta um défice anual de 200 milhões de Euros em produtos lácteos, inaceitável quando temos disponibilidade de leite fresco, próximo e de qualidade reconhecida.
Para que o consumidor possa “comprar o que é nosso”, é necessário que as superfícies comerciais disponibilizem e dêem prioridade aos produtos nacionais nas suas prateleiras, substituindo as atuais importações de sobras de produtos lácteos europeus por produto nacional, para que a produção nacional possa sobreviver.
Por outro lado, consideramos que compete à indústria de lacticínios apostar em produtos de valor acrescentado, na inovação, no marketing, na partilha de resultados e comunicação com os produtores, na conquista de novos mercados e na fidelização dos consumidores nacionais, dando maior visibilidade ao símbolo PT ou outro equivalente, como o “Portugal sou Eu”, que identifique claramente a origem do leite e produtos lácteos nacionais, como é o caso dos excelentes iogurtes e saborosos queijos que se produzem em Portugal através do trabalho de milhares de pessoas, do prado ao prato.
Consideramos ainda que compete ao Governo fiscalizar as importações que ocorrem a preços estranhamente baixos, dinamizar as exportações e atuar como mediador para uma repartição mais justa da margem na cadeia de valor do leite, entre Distribuição, Indústria e Produção. Compete-lhe ainda defender a produção portuguesa em Bruxelas, onde o Comissário Europeu da Agricultura, Phil Hogan, continua a negar a existência de crise na produção de leite da Europa.
Recordamos que apesar de sermos cada vez menos produtores produzimos leite de alta qualidade e em quantidade suficiente para as necessidades do país, pelo que renovamos o apelo ao consumo de leite e produtos lácteos nacionais, com o símbolo PT, porque só essa opção poderá permitir a independência e segurança alimentar do nosso país.
A Direção da APROLEP
01-05-2015 APELO AOS CONSUMIDORES: NESTE 1º de MAIO, COMPRE PRODUTOS PORTUGUESES
A situação dos produtores de leite agrava-se a partir de hoje. Depois de outras baixas registadas em Abril e nos meses anteriores, diversos compradores comunicaram novas baixas de preço ao produtor de leite a partir de 1 de Maio, entre 1 e 3 cêntimos, pelo que prevemos que o preço médio a receber pelo produtor irá rondar os 28 cêntimos / litro em Maio, valor claramente abaixo dos custos de produção, que estimamos entre 30 e 35 cêntimos. Registamos também com muita preocupação dificuldades de escoamento da produção de leite de alguns produtores e cooperativas.
Aparentemente, essas dificuldades devem-se ao excesso de leite no mercado europeu, em particular na Península Ibérica. Contudo, sabemos que Portugal tem um défice comercial nos lacticínios superior a 200 milhões de euros anuais, essencialmente pela importação de queijos e iogurtes.
Anunciam-se para hoje grandes promoções nas superfícies comerciais durante o feriado do 1º de Maio, dia do trabalhador. Renovamos por isso o nosso apelo ao patriotismo de industriais, distribuição e consumidores para a escolha preferencial de leite e produtos lácteos portugueses de modo a salvar a produçao de leite nacional e valorizar o trabalho dos milhares de portugueses que asseguram a produção e transformação do leite português. 1 de Maio de 2015.
A Direção da APROLEP
09-04-2015 APELO AO COMISSÁRIO EUROPEU DA AGRICULTURA
Face à visita a Portugal do Senhor Comissário Europeu da Agricultura, a Direção da APROLEP entendeu tornar públicas algumas das preocupações atuais dos produtores de leite cuja resolução depende da Comissão Europeia:
20-02-2015 CONCLUSÕES DO SEMINÁRIO AJADP / APROLEP
PRODUZIR E VALORIZAR O LEITE NUMA EUROPA SEM QUOTAS
A APROLEP, Associação dos Produtores de Leite de Portugal e a AJADP, Associação dos Jovens Agricultores do Distrito do Porto, organizaram no dia 20 de Fevereiro, no Auditório da Cooperativa Agrícola de Vila do Conde, um Seminário subordinado ao tema: “Produzir e valorizar o leite na europa sem quotas”, tendo participado cerca de 300 produtores de leite.
O seminário foi aberto pelo Diretor Geral de Alimentação e Veterinária, Professor Álvaro Mendonça, em representação do Secretário de Estado da Alimentação e da Investigação Agroalimentar. Ainda na sessão de abertura, Joaquim Costa, pela AJADP, alertou que “a caminhada para um previsível mar de leite europeu” exige “união de esforços, diálogo e uma estratégia comum com os diversos industriais”. Alertou para a necessidade da rotulagem da origem do leite e recordou que “o sector dos lácteos tem uma incontornável relevância, pois vale cerca de 1,3% do PIB nacional e a sua produção representa 11% do valor da produção agrícola nacional, com milhares de produtores”. Deixou uma nota de preocupação face ao volume de produção em países como Alemanha ou França mas também uma nota esperança face à subida do preço do leite nos mercados internacionais.
Carlos Neves, presidente da APROLEP, deixou aos produtores uma mensagem de esperança, porque “nenhum produtor de leite estará condenado pela pouco dimensão da sua exploração ou pelo facto de estar em Portugal”, havendo margem para melhorar a gestão e o maneio em muitas explorações, mas alertou também que “nenhum produtor estará salvo pelo facto de ser mais eficiente, se ficar sozinho a produzir” deixou por isso um apelo à participação dos produtores na gestão das cooperativas e à adesão e participação dos produtores nas várias associações, nomeadamente a APROLEP e explicou a importância dos produtores saírem do isolamento e comunicarem com colegas de outras regiões ou países, como é o caso dos Açores ou de Espanha.
A primeira intervenção do seminário, “Análise Comparativa de custos de produção na Europa”, esteve a cargo de José Alves, em representação da EDF – European Dairy Farmers, uma Associação europeia de produtores de leite que partilham e comparam dados contabilísticos das suas explorações. Na sua apresentação, mostrou que a produção de leite em Portugal tem custos elevados com a aquisição de alimento para os animais mas tem também um alto nível de produção de forragem e de leite por hectare. Da sua análise resulta que as diferenças no rendimento são maiores entre produtores no mesmo nível de produção do que entre escalões ou países diferentes, de onde se pode concluir que ainda é possível melhorar muito a gestão em muitas explorações.
Seguiu–se depois Jorge Rita, presidente da Associação Agrícola de S. Miguel e da Federação Agrícola dos Açores. Na sua intervenção, recordou que ao longo dos anos os produtores de leite nos Açores tiveram como objetivo ter o leite ao preço do continente, objetivo que foi agora cumprido mas ao contrário do desejado, pois não viram o aumento do preço do leite açoriano mas antes uma descida do preço do leite no continente. Explicou que a agricultura representa 50% da economia dos Açores e desses 50%, o setor do leite representa 70% da economia da agricultura e recordou que a produção de leite nos Açores representa 30% do total nacional. Apelou à agregação de associações para ajudar os produtores a ganharem peso negocial e para contribuírem para mudar a relação cultural em relação ao leite e valorizar mais este produto, um bem essencial demasiado desvalorizado.
A última intervenção no seminário coube a José Maria Alvarez, porta-voz da OPL, Organizacion de Produtores de Leche en Espanha, uma organização que tem como objetivo a representação da produção de leite, permitindo a melhoria da situação do agricultor na cadeia de valor do leite, bem como aumentar a transparência de preços e custos no setor. Defende a melhoria económica e social de todos os produtores de leite, independentemente do tamanho e o local onde se encontram as suas explorações e promove uma fórmula de negociação empresarial baseada na ética, honestidade e transparência entre as partes. A situação atual dos produtores de leite em Espanha é de dificuldade, devido à baixa do preço do leite e à inutilidade dos contratos para garantir um preço digno aos produtores. Esta situação difícil exige a união dos produtores de leite em organizações como a APROLEP e a OPL, para a remuneração do leite num preço justo que cubra os custos de produção e remunere o trabalho de milhares de produtores, familiares e demais colaboradores.
Vila do Conde, 20 de Fevereiro de 2015
29-12-2014 NUVENS NEGRAS SOBRE A PRODUÇÃO DE LEITE EM PORTUGAL
Milhares de produtores de leite em Portugal foram surpreendidos com uma prenda amarga, poucos dias antes do Natal: a comunicação da baixa de 3 cêntimos por litro de leite pago ao produtor, a partir de 1 de Janeiro de 2015. Para a maioria dos produtores, isto representará uma descida de 6 cêntimos / litro no prazo de 8 meses. Para alguns, serão 8 cêntimos. Com esta baixa de quase 10%, a esmagadora maioria da produção irá ficar no limiar da rentabilidade e naturalmente aqueles que mais investiram nos últimos anos terão dificuldade em manter os compromissos assumidos.
Esta baixa de preço, que ocorre quando estamos ainda a três meses do final do regime de quotas leiteiras, representa uma enorme nuvem negra sobre a produção do leite português. É público que o mercado europeu de leite regista dificuldades devido ao embargo russo e à redução de importações por parte da China. Por isso, na nossa opinião, os líderes europeus devem analisar cuidadosamente a evolução do mercado pós-quotas e implementar outras medidas além dos “contratos” e “organizações de produtores” propostas no “pacote do leite”, que se apresentam claramente insuficientes.
Não podemos deixar de sublinhar e lamentar que o preço do leite em Portugal, que permaneceu abaixo da média comunitária desde abril de 2010 e não acompanhou os preços altos registados no norte e centro da Europa, acompanhe agora a tendência de descida. Tínhamos a expectativa que a indústria de lacticínios e a distribuição, afirmando-se defensoras da produção nacional, aproveitassem a oportunidade para corrigir essa injustiça contendo esta descida acentuada de preço.
Para além da descida agora anunciada, permanece nos produtores uma enorme incerteza sobre as perspetivas de mercado e preços para os próximos meses, que exige dos principais atores da fileira uma maior transparência, comunicação atempada e solidariedade na partilha de lucros e sacrifícios entre produtores, cooperativas, industria e distribuição.
É importante apelar ao sentido patriótico dos industriais e distribuidores. Reiteramos que a fileira do leite em Portugal apenas terá futuro se mantiver o grau de auto-aprovisionamento de leite produzido por produtores nacionais. De outra forma a competitividade da indústria e distribuição será apenas momentânea e efémera.
29 de Dezembro de 2014
A Direção da APROLEP
07-07-2014 DESCIDA DO PREÇO DO LEITE ESMAGA MARGEM DOS PRODUTORES
Os principais compradores de leite em Portugal anunciaram uma descida do preço do leite ao produtor a partir de 1 de Julho, cerca de 1,5 cêntimos; Trata-se da segunda baixa do preço este ano, sendo o valor acumulado nas descidas de 4 cêntimos por litro para a maioria e até de 5 cêntimos para alguns produtores.
Esta nova descida acontece em contraciclo com os principais países produtores de leite na Europa que depois de terem registado algumas descidas no início da primavera já estão com recuperação de preços.
É lamentável que a nossa indústria de lacticínios não seja capaz de pagar o leite português ao nível da média europeia apesar de registar lucros consideráveis e proporcionar salários e mordomias principescas para alguns administradores, o que revolta os produtores de leite.
A perpetuação de baixos preços e grandes injustiças leva ao desânimo, ao abandono da produção e desencoraja a instalação de jovens agricultores, tendo como consequência o envelhecimento do sector leiteiro.
Que estratégia é esta? Ser competitivo no imediato esmagando a margem dos produtores, utilizando como referência os preços de leite spot (sobras pontuais de leite trocadas entre compradores) quando estão em baixo e ignorados quando estão em alta? Esperam no futuro abastecer as fábricas de laticínios com leite produzido em Portugal ou com essas sobras de leite importado?
Como é possível não haver uma visão de sustentabilidade, a longo prazo, de um sector?
Como é possível definir estratégias para o futuro sem dialogar com os produtores como parceiros comerciais a respeitar e preservar?
Que patriotismo é este dos nossos industriais e distribuidores, anunciado na publicidade e renunciado na prática com importações de leite e laticínios?
É preocupante que esta situação ocorra quando estamos ainda no último ano de vigência das quotas leiteiras. Se agora a margem dos produtores já é esmagada, como será o comportamento de Indústria e distribuição com os excedentes que o resto da Europa pode produzir a partir de Abril de 2015, no “pós-quotas”?
A PARCA, Plataforma de Acompanhamento das relações na Cadeia Agroalimentar, já reuniu e analisou este novo desequilíbrio das margens ao longo da cadeia? Porque demoram tanto os resultados esperados da atuação desta plataforma?
Os produtores de leite estão desiludidos, desanimados, revoltados e preocupados…
Face ao agravar da situação, a APROLEP já solicitou uma reunião com urgência à Senhora Ministra da Agricultura, esperando que a sua intervenção ajude a preservar os poucos produtores de leite que ainda resistem mas que sofrem agora nova asfixia que pode ser letal para a Produção de Leite Nacional.
A Direção da APROLEP
27-03-2014 MANTER O PREÇO PELO FUTURO DO LEITE PORTUGUÊS
Vários produtores de leite foram recentemente surpreendidos com mensagens enviadas por alguns compradores, avisando sobre uma prevista baixa do preço em Abril, justificada com o “mercado” e baixas de preço noutros países da Europa, mas sem adiantar o valor em causa. Essa prática coincidiu com notícias divulgadas pela comunicação social espanhola, segundo as quais vários compradores de leite estariam a preparar os produtores para baixas de preço sem divulgar, no entanto, números exatos porque, entre outras razões, todos aguardam os ajustes das outras empresas lácteas.
Estas notícias são particularmente preocupantes na véspera de grandes despesas que os produtores terão de realizar com a colheita das forragens da primavera e a sementeira do milho. A preocupação aumenta quando se perspetiva que o preço das rações volte a subir, porque ao preço alto da soja juntou-se a crise na Ucrânia, país exportador de cereais.
Não nos parece que a baixa no mercado mundial de produtos lácteos seja justificação para idêntica descida, a nível nacional ou ibérico, pois o preço médio pago ao produtor em Portugal não acompanhou a subida registada no Norte da Europa, no último ano, e o mercado do leite português é essencialmente doméstico. Com efeito, os últimos dados divulgados pela comissão europeia, relativos a Janeiro de 2014, apontam um preço médio de 40 cêntimos/Kg na União europeia, 38,2 em Espanha e 36,5 em Portugal.
Temos fortes razões para crer que a manutenção desse preço, abaixo da média comunitária, é a principal razão para que a produção de leite em Portugal na campanha 2013/2014 permaneça abaixo da quota disponível e 3,5% abaixo do ano anterior.
Trata-se de um cenário preocupante que traduz bem as dificuldades que o sector tem atravessado nestes últimos três anos e ainda não superou. Os produtores de leite são cada vez menos, em idade mais avançada e assistiu-se também à redução do efetivo leiteiro e da área cultivada com milho para silagem.
A APROLEP apela à indústria e distribuição para uma reflexão sobre estes números, sobre o futuro do aprovisionamento do leite em Portugal e sobre a mensagem que pretendem enviar aos últimos resistentes que produzem leite. Se não foi possível acompanhar a subida registada noutros países, que haja agora um esforço partilhado para manter o preço e dar esperança aos produtores que têm muito trabalho pela frente e ainda dívidas para saldar.
A Direcção da APROLEP
20-03-2014 INOVAR E DIVERSIFICAR NO SECTOR DO LEITE
Maria do Céu Patrão Neves, Eurodeputada, e Manuel Cardoso, Diretor Regional de Agricultura do Norte, aconselharam a fileira do leite a inovar e diversificar nos produtos derivados do leite. Apostar forte nas organizações de produtores e na união da produção, indústria e distribuição são as principais mensagens deixadas no debate sobre Preparar o fim das Quotas Leiteiras, realizado no dia 20 de Março, em Vila do Conde.
“Quanto mais forte for a organização, mais capacidade tem de gerir a oferta e negociar preços“, afirmou Maria do Céu Patrão Neves no seminário organizado pela APROLEP, Associação dos Produtores de Leite de Portugal (www.aprolep.pt) e pela AJADP, Associação dos Jovens Agricultores do Distrito do Porto (www.ajadp.net).
A Eurodeputada defende ainda que Portugal tem de encontrar alternativas para se tornar mais forte e competitivo no sector, uma vez que 14 países dos 28 da União Europeia são totalmente contra as quotas e não houve até agora, a nível europeu, força para impor medidas legislativas que envolvam a distribuição.
Por outro lado, Manuel Cardoso reforça que “os países mais desenvolvidos do mundo no que respeita à agricultura têm fortes e grandes organizações de produtores. Portugal tem de seguir este caminho”, conclui.
Maria do Céu Patrão Neves acrescentou ainda como sinal positivo o Observatório Europeu do Leite que começa a funcionar em Maio com o fim de monitorizar a evolução do sector.
Inês Vacas, Chefe de Divisão dos Mercados Agrícolas do Gabinete de Planeamento e Políticas do Ministério da Agricultura e do Mar, fez o ponto da situação sobre a reforma da PAC relativamente ao sector do leite. Carlos Neves, presidente da APROLEP, alertou que as ajudas diretas previstas na nova PAC sendo positivas serão muito limitadas, pelo que a produção terá de ser eficiente e devidamente valorizada no preço pago ao produtor. Concluiu sublinhando que o fim das quotas não deve ser motivo de pessimismo e resignação mas de esperança e mobilização dos produtores para ganharem peso negocial numa europa cada vez mais liberalizada.
Este seminário teve como objetivo despertar a fileira do leite em Portugal para a necessidade de preparar a entrada em vigor de novas regras políticas e económicas, no âmbito da nova PAC, e do fim anunciado das quotas leiteiras.