09-08-2013 VALORIZAR O LEITE PARA VENCER A CRISE
Os produtores de leite portugueses sofrem ainda as consequências da difícil combinação de factores negativos ocorrida em 2012, com a subida dos custos de produção e a descida sucessiva do preço do leite ao produtor. Essa tendência inverteu-se no final do ano, mas a recuperação plena ainda não ocorreu. Pelo contrário, sentem-se os efeitos acumulados da penúria vivida pelos produtores nos últimos três anos: a produção em Abril deste ano ficou 8% abaixo de igual mês em 2012 e acumularam-se dívidas a cooperativas e fornecedores em geral. As vagas de calor registadas este Verão certamente agravam estes números, pois provocam problemas de saúde nos animais e redução da produção.
Por outro lado, todas as notícias sobre a reforma da PAC, apesar de pouco definidas, apontam para uma redução das ajudas europeias aos agricultores após 2015, ao mesmo tempo que desaparece o controlo europeu da produção através das quotas leiteiras, prevendo-se que o preço do leite ao produtor irá variar com mais imprevisibilidade.
Neste momento os preços do mercado internacional de produtos lácteos são favoráveis, mas nem esses aumentos parecem chegar aos produtores portugueses, nem os aumentos que vamos observando nas prateleiras da distribuição. Após três anos consecutivos, o preço do leite ao produtor em Portugal permanece abaixo da média comunitária, precisamente na época do ano em que surgem custos superiores com a rega das culturas, ao contrário dos colegas do Norte da Europa que não precisam regar e recebem mais ajudas da Política Agrícola Comum. Esta situação de mercado favorável nos produtos lácteos deveria permitir aos produtores pagar dívidas e acumular alguma reserva para épocas de preço baixo que voltarão a surgir a médio prazo, mas para a produção a época de vacas gordas ainda não chegou e assim os produtores arriscam-se a passar mais um verão a trabalhar para aquecer.
Assistimos nos últimos tempos a múltiplos apelos à valorização da actividade agrícola, mas passar das palavras aos actos implica valorizar os produtos agrícolas. Só assim a agricultura será viável e terá futuro em Portugal.
20-01-2013 DEPOIS DA TEMPESTADE, QUE SE DÊ LUGAR À ESPERANÇA
A APROLEP, Associação dos Produtores de Leite de Portugal, quer manifestar solidariedade com todos os que sofreram as consequências do mau tempo, nomeadamente com os agricultores e produtores de leite que estiveram ou ainda estão sem energia e/ou sofreram estragos em resultado do vento forte. Além de inúmeros prejuízos de pequena ou média dimensão nas cercas, equipamentos ou coberturas, devemos destacar duas situações graves de que tivemos conhecimento: Duas vacarias que ficaram completamente sem telhado, uma em Vila nova da Telha, Maia e a outra em Amorim, Póvoa de Varzim. Já alertámos a respectiva Direcção Regional de Agricultura e esperemos que seja possível ao Governo apoiar a reconstrução das instalações para abrigo dos animais. Depois de todas as dificuldades passadas em 2012 com o baixo preço do leite e os altos custos de produção, que se prevê continuarem elevados em 2013, esperamos que haja agora mais solidariedade com os produtores por parte de cooperativas, indústria e distribuição, através de um preço do leite mais justo, capaz de cobrir os custos de produção.
22-10-2013 MAIS DO QUE NUNCA, PRECISAMOS DE PREÇO JUSTO PARA A PRODUÇÃO DE LEITE
A APROLEP considera positivo o apoio extraordinário aos produtores de leite hoje anunciado e saúda todos os que trabalharam e contribuíram para este desfecho, nomeadamente a Senhora Ministra da Agricultura e todo seu gabinete, os responsáveis de todos os quadrantes políticos que abordaram a questão do leite a nível nacional e comunitário, as várias organizações agrícolas e os produtores que participaram nas manifestações, conferências de imprensa e outras iniciativas em defesa de toda a fileira do leite português.
Infelizmente, esta ajuda extraordinária, que representa o reconhecimento das dificuldades dos produtores pelo poder político, é claramente insuficiente para fazer face ao aumento dos custos de produção e baixado preço do leite ao produtor. Seis milhões de euros em dois anos representam meio cêntimo por litro (pago em dois anos), quando a ração subiu mais de dez cêntimos e o preço do leite ao produtor em Portugal desceu cerca de 3,5 cêntimos desde Janeiro, mantendo-se desde Maio do ano 2010 abaixo da média comunitária. Por tudo isto, além de todo o esforço que já fizemos e devemos continuar para reduzir custos de produção, temos de reafirmar que a sobrevivência da produção de leite em Portugal terá sempre de passar pelo aumento do preço ao produtor e a valorização do leite português dependerá sempre de uma nova relação entre a indústria e a distribuição e de novos equilíbrios na partilha de esforços e valores ao longo da fileira.
É público que a relação indústria distribuição é complicada desde há muito tempo e será preciso muita força, trabalho, paciência e coragem para que ocorram mudanças positivas. Precisamos que no âmbito da PARCA, Plataforma de acompanhamento das Relações da Cadeia Agro-alimentar, surja um mercado mais equilibrado. Precisamos de mudanças positivas nos vários actores da fileira para construir pontes em vez de muros. E precisamos de tudo isso com urgência. Todos os meses crescem as dívidas aos nossos fornecedores. Todas as semanas há vacarias que fecham. Todos os dias aumenta a angústia, a tristeza, o desânimo e a revolta dos produtores de leite que resistem, dos seus familiares e colaboradores. Por nós, por eles, não vamos desistir de lutar, de todas as formas possíveis, pela sobrevivência deste sector.
29-08-2012 CONFIRMAM-SE AS PIORES EXPECTATIVAS PARA OS PRODUTORES DE LEITE EM SETEMBRO
A maioria dos produtores de leite portugueses foi já informada da baixa de mais um cêntimo por litro de leite vendido à indústria a partir de um de Setembro. Em sentido inverso, muitos produtores tomaram conhecimento da subida de dois cêntimos por Kg de ração para alimentação dos animais para o mesmo mês.
Esta é uma situação incompreensível e insustentável economicamente que está deixar os produtores revoltados, indignados e desiludidos.
Apesar das boas intenções manifestadas por todos os intervenientes da cadeia de valor e Governo, o facto é que o leite já baixou 3,5 cêntimos por litro em sentido inverso aos custos com a alimentação animal que subiram.
A dura realidade é que não temos tempo para aguardar pelos resultados de propostas legislativas que o Governo prometeu apresentar em Setembro. Entre a apresentação, debate, aprovação, promulgação, publicação e regulamentação passará demasiado tempo, aumentarão as dívidas e fecharão as portas muitas explorações. Assim:
– Face à subida vertiginosa dos custos de produção nos últimos meses, propomos que a Senhora Ministra da Agricultura e o Ministro da Economia, com o patrocínio do Primeiro-ministro, promovam, com carácter de urgência, negociações extraordinárias entre a indústria e a distribuição para actualizar o preço ao produtor para um nível superior aos custos de produção;
– Desafiamos também os responsáveis das várias associações agrícolas, cooperativas, indústria e distribuição a pronunciarem-se publicamente sobre a situação actual dos produtores e a avançarem com propostas concretas e positivas para a sobrevivência da produção de leite em Portugal.
Sim à partilha de esforços e valores; Não à asfixia da produção!
29 de Agosto de 2012
Associação dos Produtores de Leite de Portugal
06-06-2012 PRODUÇÃO DE LEITE MAIS PERTO DO ABISMO
A maioria dos produtores de leite portugueses tomou conhecimento de nova descida no preço do leite produzido desde 1 de Junho, cerca de 1,5 cêntimos. Para alguns produtores essa descida já ocorreu em Abril. Com esta segunda quebra, são menos 2,5 cêntimos por litro desde o início do ano.
No sentido inverso, aumentam os custos de produção. Além do aumento do preço da palha por causa da seca, sofremos um aumento brutal no custo da ração, em alguns casos cerca de 6 cêntimos por Kg, chegando aos 40 cêntimos na ração comprada e aos 30 cêntimos no leite vendido. Preço do leite a descer e custos a subir, duas forças que nos empurram para o abismo em que não tardarão a cair as explorações em maiores dificuldades, seguindo-se todas as outras se a tendência se mantiver.
Esta baixa segue a tendência dos preços nos últimos meses da Europa, mas é uma desilusão que a indústria nacional, privada e cooperativa, não tenha acompanhado os preços quando subiram na Europa e agora não seja capaz de os segurar quando descem. É uma desilusão não haver partilha de sacrifícios sendo a solução do costume baixar o preço ao produtor.
É uma desilusão ainda maior vermos o preço a cair desde que foi criada pelo Governo a Parca – Plataforma de Acompanhamento da Industria Agro-alimentar, cujo único resultado visível foi um relatório a confirmar o que já sabíamos e denunciámos regularmente: “Agricultores não conseguiram repercutir nos preços de venda o aumento dos custos de produção o que teve um impacto fortemente negativo sobre as margens da actividade, indiciando desequilíbrio negocial (…) A partir de 2009 observou-se que os preços dos bens alimentares na produção, na indústria e no consumidor tiveram um crescimento inferior ao da inflação. Esta tendência revela a importância dos bens alimentares na contenção geral dos preços. É no entanto conseguido, contudo, com sacrifício dos rendimentos dos agricultores”. Está feito o diagnóstico. E qual o remédio, senhora Ministra? E para quando?
Está oficialmente explicado quem pagou as “promoções” e os “preços sempre baixos o ano inteiro”. E assim, enquanto se aperta o cinto a quem trabalha no meio rural e se fazem festas em Lisboa sobre a “produção nacional”, a “moderna distribuição” vai servindo pão e circo ao povo da cidade, perante a paralisia do governo e a incapacidade da indústria valorizar o leite que produzimos, por enquanto, até cairmos definitivamente no abismo.
11-05-2012 LEITE: CONTRATOS EQUILIBRADOS PARA UM PREÇO JUSTO
A APROLEP, Associação dos Produtores de Leite de Portugal, saúda a intenção do Governo avançar com a implementação de contratos na fileira do leite, mas considera haver ainda muito trabalho a desenvolver para que esses contratos envolvam produção, transformação e distribuição de forma efectiva, equilibrada e responsabilizadora.
Os contratos não substituem as quotas leiteiras e Portugal deve bater-se prioritariamente a nível europeu pela continuação desse regime que permite evitar excedentes de produção, mas a APROLEP já defendeu publicamente há longos meses a necessidade de avançar com um “Plano B” para o provável fim das quotas e os contratos foram a única alterativa proposta pela União Europeia. Devemos alertar, contudo, que esses contratos de pouco servirão se não houver um reforço do poder negocial dos produtores e uma forma de indexar o preço do leite não só à evolução do mercado de lácteos mas também dos custos de produção, em particular da alimentação animal.
Depois dos prejuízos causados pela seca no início deste ano, parcialmente atenuados pela chuva dos últimos dias e pela ajuda prometida, permanece alto o preço da palha (mais 2 ou 3 cêntimos por Kg e receio de grandes quebra de produção em Espanha para a próxima época) e disparam os preços da ração (subida entre 4 a 5 cêntimos por kg nos últimos meses e subida assustadora da Soja para 400 euros / tonelada), enquanto desceu o preço pago pelo litro do leite ao produtor entre 1 a 2,5 cêntimos por litro, consoante o comprador.
Esta é a realidade de um mercado onde os produtores não controlam o custo dos factores de produção, pois os cereais negoceiam-se na bolsa de Chicago, nem o preço de venda do leite que produzem, que em última instância depende da negociação entre indústria e distribuição e da guerra de promoções que esta última queira fazer.
Por tudo isto, porque a situação actual não é sustentável nem se resolve com esmolas de Bruxelas, precisamos de contratos sim, mas com preço de referência fortemente baseado na evolução dos custos de produção, responsabilizando a distribuição de forma efectiva e com a presença activa de um mediador / provedor nomeado pelo Estado. Reafirmamos que o Estado não se pode demitir da sua função normal em qualquer Estado de Direito: estabelecer regras, fiscalizar o seu cumprimento, arbitrar conflitos e penalizar de forma exemplar os prevaricadores. O Estado não pode abandonar os produtores na actual situação de desequilíbrio negocial.
Por último, tendo em conta a dimensão do sector cooperativo na recolha, transformação e definição de preços e tendo ainda em conta as habituais dificuldades de negociação entre o produtor e a sua cooperativa, devemos também acompanhar e participar em todo o processo de adaptação das cooperativas a esta nova realidade económica e jurídica, porque se as cooperativas forem capazes de valorizar bem o leite e partilhar o valor com o produtor, podemos ter mais esperança no futuro da produção de leite em Portugal.
02-03-2012 INCOMPREENSÍVEL BAIXA DO PREÇO DO LEITE AO PRODUTOR
Os produtores das cooperativas associadas na LACTOGAL (AGROS, LACTICOOP E PROLEITE) estão neste momento a receber menos um cêntimo por litro de leite que no início de 2012.
É incompreensível que esta baixa ocorra quando aumentam os custos de produção. Além da seca reduzir a produção de forragem e aumentar o custo da palha, temos casos de rações à base de cereais que já subiram 30 euros por tonelada desde o início do ano.
É incompreensível que seja a indústria cooperativa a primeira a baixar o preço aos produtores seus associados. Apelamos à indústria privada para que não adopte a mesma atitude.
É incompreensível estar há dois anos com preço abaixo da média comunitária, quando temos menos ajudas públicas e mais custos de produção.
É incompreensível que todos nos dêem razão e não haja acção com resultados concretos.
É incompreensível esta caminhada para o abismo.
20-02-2012 SECA AFETA PRODUÇÃO DE LEITE E EXIGE AUMENTO DO PREÇO AO PRODUTO
Os números divulgados nos últimos dias são preocupantes e exigem resposta imediata. 75% do território português está em seca severa ou extrema. Faltam já as pastagens para os animais e faltará a quantidade e qualidade da forragem a colher na próxima primavera.
A alternativa para alimentar os nossos animais será a importação de palha e aumento do consumo de rações, mas com a seca sobem já os preços da palha e sobe também o custo da ração devido ao aumento do preço do petróleo e à especulação habitual, o que significa aumento do custo de produção do litro de leite.
Face a esta situação, além de reforçarmos outros apelos que já foram dirigidos ao governo para que pondere medidas de apoio a nível nacional e comunitário, cremos que a resposta mais justa, rápida e eficaz pode e deve vir da indústria e da distribuição, através do aumento imediato do preço ao produtor para fazer face a estes aumentos do custo de produção.
É bem conhecida a difícil situação económica em que se encontram os produtores de leite portugueses desde há dois anos, com preços abaixo da média comunitária. Nos últimos dados divulgados pela comissão europeia, Portugal tinha o preço mais baixo da Europa ocidental (UE15). O governo e todos os partidos com representação parlamentar não podem ignorar esta situação.
20-01-2012 COMUNICADO SOBRE COLÓQUIO: REFORMAR A PAC; PREPARAR O FIM DAS QUOTAS LEITEIRAS
A AJADP, Associação dos Jovens Agricultores do Distrito do Porto, organiza hoje, 20 de Janeiro de 2011, em cooperação com a APROLEP, Associação dos Produtores de Leite de Portugal, pelas 14h00, no Auditório da Cooperativa Agrícola de Vila do Conde, um Debate subordinado ao tema: “REFORMAR A PAC E PREPARAR O FIM DAS QUOTAS LEITEIRAS”, sendo esta iniciativa apoiada pela Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Póvoa de Varzim, Vila do Conde e Esposende. A sessão de abertura será presidida pelo Secretário de Estado da Agricultura, Engº José Diogo Albuquerque, estando presente também o Presidente da Câmara Municipal de Vila do Conde e presidentes de várias organizações agrícolas locais. Segue-se a intervenção do Engº David Gouveia, do Gabinete de Planeamento e Políticas do MAMAOT e comentário do Dr. Arlindo Cunha, ex-ministro da agricultura. Esperamos um debate animado com a participação de várias centenas de agricultores. Recorde-se que apresentámos já um conjunto de críticas à actual proposta da reforma da PAC, tendo em conta que esta proposta:
– Não propõem qualquer iniciativa face à especulação nos preços dos cereais utilizados na alimentação animal, que representam 60% dos gastos de produção;
– Não apresenta caminhos para um maior equilíbrio de rendimentos entre Produção, Indústria e Distribuição que conduza a um preço justo para os produtores de leite.
– Não prolonga o regime de quotas leiteiras nem apresenta qualquer sistema alternativo para estabilizar a produção.
Sobre a questão de quotas leiteiras, concordámos ainda que Portugal deve insistir na defesa deste regime, pois o fim do sistema será negativo para o nosso país. Contudo, tendo presente que Portugal parece estar sozinho nessa posição, insistimos que é urgente preparar um “Plano B” para a sobrevivência do sector sem quotas e que não deve depender apenas de alguma ajuda vinda de Bruxelas, mas deve passar pelo aumento da competitividade das explorações agrícolas, pela racionalização do sistema de recolha e transformação, pela melhor valorização dos produtos transformados e pela fidelização do consumidor português para os produtos nacionais, o que só será possível com a colaboração positiva da indústria e das cadeias de distribuição. Só assim poderemos assegurar a instalação sustentada de jovens agricultores no sector e o futuro da produção de leite com a qualidade e quantidade necessárias para manter a segurança alimentar e a soberania nacional.
07-01-2012 - LUTAMOS PELO FUTURO DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA EM PORTUGAL
A APROLEP vai hoje participar numa iniciativa inédita promovida por várias associações e confederações independentes que decidiram ultrapassar as diferenças que as caracterizam. Em nome do interesse e da soberania alimentar nacional, associações, cooperativas, agricultores e demais actores de toda a fileira agrícola e do meio rural vão unir-se para exigir que acabe o esmagamento dos preços à produção que em breve tornará toda a economia rural insolvente agravando desta forma o défice agro-alimentar nacional.
Iniciando a concentração junto à Direcção Regional de Agricultura e Pescas em Matosinhos, na Senhora da Hora, queremos dizer à Senhora Ministra Assunção Cristas que está na Hora de sair do “superministério”, descer à terra e defender os produtores agrícolas de práticas comerciais que espremem preços, atrasam pagamentos e promovem importação de produtos que Portugal produz com qualidade e na quantidade necessária para abastecer o mercado nacional como é o caso do leite. É necessário e urgente que o Governo Português seja coerente com a “imperiosa aposta na agricultura para combater o défice agro-alimentar” e se pronuncie claramente sobre esta matéria. Precisamos saber com urgência se o Estado é conivente com esta penosa caminhada para a falência da agricultura nacional.
Vamos depois junto do “Continente” manifestar a indignação dos Produtores pela utilização abusiva de produtos agrícolas de primeira necessidade em promoções agressivas como “isco” para atrair consumidores numa época difícil da nossa economia. Os nossos produtores ficam revoltados quando vêem o litro de leite ser vendido num valor quase três vezes inferior ao custo de produção.
Dados divulgados ontem pela organização holandesa LTO apontam cerca de 35,6 cêntimos /kg leite como preço médio pago ao produtor na Europa em Novembro passado (A principal cooperativa da Holanda pagou 38 cêntimos/kg!!!). Dados do nosso MAMAOT indicam 32,6 cent/kg como preço médio pago em Portugal continental em Novembro. Estamos há dois anos com preço abaixo da média europeia na casa dos 3 cêntimos. Onde está a lógica da importação? Adicionando custos de transporte, transformação e embalamento, como explicar os preços praticados pelos hipermercados que dominam o comércio em Portugal?
Queremos ainda dizer aos outros hipermercados “holandeses” que embarcaram no mesmo tipo de promoções bombásticas e nos dizem “venha cá”, que a seguir “iremos lá” também expressar a nossa indignação. A sua atitude actual pode parecer doce na análise dos números imediatos de vendas ou resultados trimestrais, mas a médio e longo prazo terão um amargo de boca, porque estão a “rebentar” com a economia produtiva e com os consumidores de que precisam.
A produção agrícola em Portugal não terá futuro sem uma justa repartição de valor pelos 3 elos da cadeia (produção, transformação e distribuição). Salvaguardando sempre o custo produtivo, um PREÇO JUSTO é urgente para que continue a existir agricultura em Portugal.